FALAR É FÁCIL
JAIME LEITÃO
Falar é fácil, principalmente quando se vive distante de áreas de risco. A tragédia que se abateu sobre o Rio de Janeiro, com o céu desabando em toneladas e mais toneladas de água, e matou dezenas de pessoas, quase todas moradoras de regiões próximas a encostas, exige reflexão e ação urgentes, não demagogia.
O presidente Lula, que estava no Rio , afirmou: "O mais importante nessa história toda é que precisamos conscientizar a população para que deixe as áreas de risco, principalmente os que moram em encosta de morro e em áreas sujeitas a deslizamento. Que vá para a casa de parentes ou de amigos e espere a chuva passar, o que não é fácil. Só pode melhorar de vida quem estiver vivo.”
É claro que quem mora em áreas de risco deve ir para lugares seguros, mas antes de conscientizar a população, deveria funcionar a consciência dos políticos, impedindo a formação indiscriminada de loteamentos clandestinos em locais sujeitos a deslizamento.
A especulação urbana no Brasil ocorre não só no Rio e é responsável por desabamentos que provocam mortes há muito tempo. Lula, ao afirmar que a população deve ir para casa de amigos e parentes até a chuva passar, não colabora para a solução do problema .
A família sai de casa, fica uns dias fora, retorna, e na próxima inundação, que pode ser daqui a alguns dias ou meses, de novo será grande o risco de morrer pelo desabamento da casa empurrada morro abaixo.
As pessoas que morreram nas primeiras horas de chuva no Rio, na noite da última segunda-feira, não tinham idéia da intensidade de água e não possuíam meios de se proteger.
Por mais que chova, dá para evitar números tão horrendos com cuidados que devem ser tomados pelo Poder Público em período de estiagem. A “Cidade Maravilhosa” deixou de ser maravilhosa , não topograficamente, mas por conta de um crescimento desordenado e predatório. Faltou planejar o Rio para que não houvesse uma explosão em termos sociais e urbanísticos.
O que se vê hoje no Rio, a cidade com maior potencial turístico do País, é um amontoado de lixo e de escombros, que demorará para ser removido, e uma população atônita diante de tamanha destruição.
A população precisa ser conscientizada a não jogar lixos nas encostas, nas ruas e nos bueiros. Mas cabe aos políticos o trabalho de recuperar o Rio e deixá-lo em condições propícias aos seus moradores. O mais importante não é preparar o Rio para a Olimpíada e Copa do Mundo, mas para o dia-a-dia, para o ir-e- vir e para o morar dignamente.
O Rio não é só um cenário de carnaval, samba e de grandes finais de campeonato e de Copa do Mundo no Maracanã, é uma cidade real, com grandes problemas que precisam ser enfrentados. E já. Não depois da Copa ou da Olimpíada. O dinheiro público deve ser gasto para salvar vidas, não para construir arenas gigantescas que custam bilhões.
PROPOSTAS TEMÁTICAS:
1-Dissertação: Rio: tragédia natural ou fabricada?
2-Dissertação: Quando as prioridades estarão em primeiro plano neste País?
3-Carta ao presidente da república criticando a afirmação dele em relação à inundação que ocorreu no Rio anteontem, matando cerca de cem pessoas.
4-Narração: Um carioca conta o seu drama no dia de uma das maiores enchentes da história do Rio. Use narrador-personagem.
5-Crônica: O Rio ilhado.
terça-feira, 6 de abril de 2010
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